Theory of November

O dia estava chuvoso, uma chuva fraca e boa para se ouvir, Annabeth tinha ido para cabana que antes era do seu avô, antes dele falecer deu a chaves para ela, sempre que queria ficar sozinha ia para lá. E hoje ela estava lá, como todos os dias, todos os dias desde que seu avô morreu, todos os dias desde que se sentiu completamente sozinha, sentindo que nada mais importava, e que ninguém mais se importava com ela.     

Durante seus 17 anos passou morando com seus avós, os dois já haviam falecido, sua mãe morreu durante o parto, e seu pai só a via três vezes ao ano, quando não dava uma desculpa para não ir vê-la. Agora morava com ele, mas é como se não morasse com ninguém, sua madrasta e seus meios irmãos não gostaram dela, e não tinha nem certeza se o pai gostava. Tudo o que sofria guardava para si, o que sempre a atormentava, não tinha amigos nem ninguém para conversar e poder desabafar tudo o que acontecia. 

A cabana parecia ser o único lugar que se sentia bem, solitária, mas bem. Tinha fotos espalhadas por todos os lugares, dela ainda pequena com um sorriso enorme no rosto, seus avós abraçados nela, e muitas outras com tantas lembranças. Estava sentada no sofá velho vendo álbuns de fotos e uma revista de piadas que escreveu com seu avô quando tinha por volta dos 10 anos, a maioria era sem graça, mas ria de cada uma delas. Queria que todos esses momentos voltassem, mas sabia que isso nunca iria acontecer, ali, naquela cabana nada mais importava. Não sabia se isso tudo ia melhorar, achava que não. Achava que o dia em que todos falam que vai melhorar, nunca chegasse, não sabia nem se estaria ainda aqui caso ele chegasse. Ela já tinha perdido a esperança. Ela já tinha perdido a vida.